Entrevista - Fernando Bezerra Coelho
Denise Rothenburg e Leonardo Cavalcanti
Em entrevista ao Correio, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, avisa que a direção
dos órgãos vinculados será trocada para promover uma maior interação com a Secretaria Nacional de
Irrigação, o novo braço do ministério que ficará responsável pela definição das políticas do setor.
A mudança atingirá o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs).
2011 será de aperto financeiro. Em termos de recursos, dá para concluir a obra da transposição?
Hoje, a obra tem uma execução, do ponto de vista financeiro, de 50%, e 35% físico. Para cumprir
o cronograma, precisaremos de um orçamento alentado no ministério. Para concluir o eixo Leste em 2011
e o Norte no fim de 2012, estimamos uma necessidade de R$ 4 bilhões a R$ 5 bilhões.
Mas é quase todo o orçamento do ministério para este ano…
Estamos falando em dois anos, R$ 2,5 bilhões por ano. E há outros investimentos na área de recursos
hídricos. No PAC I e II, estão previstos recursos da ordem de R$ 14 bilhões.
E as chuvas? Todo o ano é uma tragédia anunciada. O que dá para fazer para que, em 2012, não haja?
Na verdade, é preciso investir muito mais em prevenção do que na mitigação dos prejuízos. Vamos
nos articular com o Ministério de Ciência e Tecnologia, com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), para criar um sistema de alerta e identificação de áreas de risco que permitam ao governo
federal, sob a articulação da Integração, programar intervenções em encostas e morros.
Uma das guerras que o senhor vai enfrentar já é a das nomeações. Henrique Eduardo Alves disse hoje
ao Correio que deseja a permanência do diretor do Dnocs…
Ele me comunicou isso e eu comuniquei que a nossa orientação é promover a renovação dos quadros.
A Presidência do Dnocs será constituída com a participação do PMDB. Vamos ouvir o
Rio Grande do Norte, o líder Henrique Eduardo Alves, o PMDB, mas é importante que se entenda a
hora de renovar os quadros.
O ministério sempre foi muito político. Como se faz essa separação de uma parte política de um trabalho
técnico?
Sou político também, a política feita de forma correta valoriza o serviço público. (…) No caso da
composição dos quadros, vamos querer qualidade, competência e transparência, e faremos essas
escolhas com a anuência da área política. É chegado o momento de renovar. Isso não é juízo de valor
sobre o trabalho que foi feito, realizado. Estamos diante de uma situação em que estamos
criando a Secretaria Nacional de Irrigação, que vai articular a política nacional de irrigação, cujos
órgãos de execução são o Dnocs e a Codevasf. É importante que um novo grupo dirigente
possa alcançar as instâncias de decisão. Portanto, vai haver renovação da Codevasf e do Dnocs.